segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Consumo, crédito, Internacionalização e geografia do consumo brasileiro.


Crescimento de emprego, fartura de crédito, economia estável e sólida.... parece que nem essa crise européia tá freiando de vez o crescimento interno... apesar do desaquecimento em 2011 ... e 2012??

A que tudo parece, se a conjuntura continuar com a mesma perspectiva de 2011, o cenário desse ano é melhor para economia do país, apesar de um crescimento mais controlado, porém com a confiança do consumidor em parte restabelecida...

Seguem alguns artigos interessantes sobre os temas em questão....

Resta saber, no final das contas quem será a raposa e quem será o cão bobo da história?

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O longo caminho do desenvolvimento.

Muito tem se discutido entre os agentes econômicos nos últimos tempos a respeito da competitividade da economia brasileira frente aos novos tempos na economia mundial. Há uma preocupação muito evidente a respeito desindustrialização e perda de mercado para os países asiáticos, especialmente para China.

Primeiramente, é importante lembrar que desde o fim do comunismo no fim da década de 1980, o mundo observou a abertura de mercados até então dominados pela antiga União Soviética e China. Uma imensa massa de trabalhadores, consumidores e produtos entraram na esfera do capitalismo mundial após décadas de ostracismo.

Neste contexto, desde a década de 90, o custo de mão-de-obra em todo planeta foi extremamente pressionado pela entrada dos trabalhadores baratos dos países do antigo “segundo mundo”. Obviamente, a grande parte desse capital humano é de baixa qualificação, porém havia um grande contingente de profissionais qualificados ociosos (especialmente no leste europeu), resultado do espólio da cortina de ferro.

Para ser uma ideia do impacto, a oferta global de mão-de-obra dobrou desde o inicio da década de 1990. O primeiro movimento dessa concorrência feroz foi a terceirização dos serviços (outsourcing) e a transferência da produção para o exterior (offshoring).

Os efeitos foram fortemente sentidos nos países industrializados, primeiramente, na Alemanha unificada, e depois de alguns anos, em todo mundo. Portanto, enquanto for mais barato produzir no “Novo Mundo Liberalizado”, os seus salários e custos intrínsecos serão mais competitivos que outras partes do mundo.

Em 2010, pela primeira vez, a China formou mais PhDs em ciências e engenharia do que os Estados Unidos. Isso é um claro sinal que as atividades de Pesquisa & Desenvolvimento devem também seguir o caminho das atividades industriais.

Em meio a esse cenário, até o momento a Brasil tem se beneficiado desta liberalização e do crescimento da Índia e principalmente, a China. A demanda por matérias-primas e alimentos tem dinamizado a economia nacional, porém ao mesmo tempo, incita o renascimento da “doença holandesa”. Ao mesmo tempo, a concorrência da China tem atingido diversos setores de nossa economia, principalmente as de capital humano intensivo.

A necessidade de ganho de produtividade no Brasil é refletida no Ranking de Competitividade Mundial divulgado na semana passada pelo International Institute for Management Development (IMD). O Brasil está na 44ª posição em competitividade entre as 59 economias mais importantes do globo.

As deficiências apresentadas pela economia brasileira, apontadas pelo ranking, não são segredo para ninguém: infraestrutura básica insuficiente (55ª posição), educação de pouca qualidade (56ª) e baixa eficiência do governo (55ª). De todos os 59 países analisados pelo estudo, o Brasil é o que apresenta a maior diferença entre a competitividade do setor público e privado (29ª).

Desta forma, esse é o momento ideal para aplicarmos as medidas necessárias, principalmente na esfera pública, pois o cenário político, econômico, social e internacional é favorável. Pois como todos sabem, após a bonança sempre vem a tempestade.

http://www.gsmd.com.br/port/abre_artigos.aspx?id=857

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A nova geografia do consumo brasileiro.

Com novos dados divulgados pelo IBGE e referentes ao PIB dos municípios, é possível traçar uma visão interessante sobre os rumos da economia e dos recursos financeiros no Brasil e, consequentemente, do consumo.

A leitura das informações de forma regionalizada permite perceber que o Brasil, entre 2005 e 2009, teve o valor nominal de seu PIB aumentado em 50,9%. Por outro lado, o PIB nordestino cresceu 56,0%; contra 47,6% do Sudeste; 53,3% do Norte; 50,4% do Sul; e surpreendentes 63,4% do Centro-Oeste. Em relação a este último, é importante ressaltar que o desempenho mais impressionante ficou por conta do Mato Grosso do Sul, com 68,0%; e Goiás, com 69,4%, o que demonstra a pujança do setor agrícola nessa região do país.

Observando apenas o crescimento de 2009 em relação a 2008, os rumos do dinheiro no país ficam ainda mais evidenciados. Contra um crescimento nominal de 6,8% para o Brasil, o Nordeste cresceu 10,1% e o Centro-Oeste 11,2%, consolidando a percepção de que a nova geografia de consumo brasileira passa obrigatoriamente pelo reconhecimento dessas duas regiões, sem desconsiderar o significado das regiões Sul e Sudeste, pelo volume que representam no total de riquezas do país. O Sudeste responde por 55,3% do total do PIB nacional e o Sul, por 16,6%. Em 2005, essas regiões representavam, respectivamente, 56,5% e 16,6% do total.

Essa numerologia toda nos permite identificar que o rumo da riqueza no país ainda passa por Estados como São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, mas também se espraia por Pernambuco, Bahia e Goiás.

Obviamente, os potenciais de consumo variam em função do tipo de produtos e serviços, porém, por outro lado, fica claro que todos os processos ligados à expansão das cadeias de consumo devem considerar esses aspectos para estabelecer suas diretrizes. Essa visão vale tanto para a implantação de indústrias que, devido aos custos logísticos, instalam-se perto do consumidor final, como vale para o varejo e para o atacado no planejamento da expansão de seus pontos de venda e de seus centros de distribuição.

Outra avaliação interessante que emerge dessas conclusões passa pela necessidade de conhecer, cada vez mais e mais profundamente, as características socioambientais e culturais das populações que habitam essas regiões. Hoje em dia o Nordeste é bastante investigado por meio de pesquisas de mercado, o que raramente acontecia há cerca de cinco ou seis anos. Da mesma forma, o Centro-Oeste começa a compor as amostras de pesquisas. Algumas indústrias, especialmente aquelas voltadas à produção alimentícia, já disponibilizam centros de desenvolvimento de produtos focados apenas em uma região, especialmente no Nordeste. Outros varejistas já desenvolvem campanhas de comunicação específicas, respeitando as peculiaridades culturais locais. Em São Paulo, não existe o menor sentido em divulgar promoções de roupas, por exemplo, com base nas festas de São João. O mesmo não se pode dizer em Recife, que, por sua vez, recebe atenção toda especial no mês de junho a cada ano.

O Brasil muda de forma consistente em diversos aspectos. São mudanças no comportamento de compra motivadas pelo aumento de renda e pela farta oferta de crédito, assim como na composição das famílias, no número de filhos, etc, etc.

Definitivamente o Brasil deixa para trás em sua história a visão de que apenas São Paulo e Rio de Janeiro (e talvez Porto Alegre e Belo Horizonte) sejam praças que mereçam receber lojas; ou então que o Nordeste é uma região fadada à fome e à pobreza da maioria. Fica para trás a distância da região Norte em relação ao eixo do litoral atlântico onde se concentra a maior parte da riqueza, pois, com o advento do e-commerce, parte dessas dificuldades desaparece. São Paulo, com 12%; e Rio, com 10,9%, ainda permanecem como os municípios que mais contribuem para a formação da riqueza brasileira, mas será que todos sabem que o interior paulista representa 21,5% do total do PIB brasileiro?

Os caminhos estão traçados e desconhecê-los, no ambiente competitivo no qual mergulha a economia brasileira, é lançar-se de forma aventureira e sem preparo para o crescimento. É preciso assumir os novos sotaques do consumo brasileiro. Está na hora de começar a imaginar o seu produto e a sua loja ao som de moda de viola ou em meio ao foguetório de São João.

http://www.gsmd.com.br/port/abre_artigos.aspx?id=848&__akacao=692491&__akcnt=f8c98c50&__akvkey=2d3c&utm_source=akna&utm_medium=email&utm_campaign=Mercado+%26+Consumo+22%2F12%2F2011

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O papel do crédito no crescimento do consumo.

Renda, emprego, confiança dos consumidores e crédito foram os quatro fatores fundamentais para o crescimento do consumo no Brasil nos últimos anos. A melhoria da renda das famílias – que continua a ocorrer, aliada ao significativo aumento do emprego –, contribuiu para aumentar o índice de confiança dos consumidores no curto e no longo prazo viabilizando o aumento da propensão a consumir. Mas a renda, o emprego e a confiança não permitiriam o forte crescimento do consumo se não fosse o crédito pessoal, nas suas diversas modalidades, para aquisição dos produtos e serviços, que impulsionaram as vendas no varejo.

Em 2001 o crédito para as pessoas físicas representava 6,3% do PIB e em 2011 havia evoluído para 16,7%. Mais impressionante é constatar que, no mesmo período, o volume de crédito concedido para consumo das famílias evoluiu de R$ 83 bilhões para R$ 650 bilhões, com um crescimento nominal de 683%. Essa evolução na oferta e tomada do crédito viabilizou o forte crescimento dos setores mais diretamente beneficiados como veículos, eletrodomésticos e eletrônicos, móveis e material de construção, mas também contribuiu para a evolução dos semiduráveis, como vestuário e calçados, além de ter liberado recursos para compras de todas as outras categorias, beneficiadas pelas modalidades de crédito pessoal, consignado e cartões de crédito, que são recursos tomados sem destinação específica.

É importante notar que no período, apesar do grande crescimento da oferta de crédito, não houve forte crescimento da inadimplência.

A história recente da inadimplência no crédito para pessoas físicas, pelos dados do Banco Central, pode ser dividida em algumas fases. A primeira delas marcada pela crise energética e cambial, no período de 2000 a 2002, que fez crescer fortemente a inadimplência para perto de 8,5%, para os devedores acima de 90 dias. Seguiu-se a um período de forte queda, que chegou na faixa de 6% entre 2004 e 2005, voltando a subir com a popularização do crédito do período 2005 a 2009. No final desse ano atingiu outro pico, como consequência dos problemas internos gerados pelas consequências da crise do subprime e das finanças globais, quando voltou a um patamar de 8,5%.

Desde então teve uma queda acentuada – que atingiu seu mínimo no último trimestre de 2010, na faixa de 4,6% a 4,7%. A partir daí, tem mostrado tendência de elevação, mas nos últimos meses de 2011 encontrava-se em torno de 5,7%, apenas um ponto percentual acima do seu mínimo do mesmo período de um ano atrás e muito abaixo de seus picos históricos de 2002 e 2009. Tudo isso apesar das taxas de juros nominais praticadas serem das mais altas no mundo, com amplo espaço para sua redução.

Concorre para essa melhoria uma significativa evolução de todos os mecanismos de análise e concessão de crédito bem como, os mecanismos de cobrança desenvolvidos por bancos, financeiras e varejistas, e também a evolução do consumidor em seu comportamento de compras e, sem dúvida, a melhoria do nível de emprego e renda.

Por estes fatores, é fácil prever que a oferta de crédito pessoal no Brasil continuará aumentando, apesar do seu elevado custo, e isso vai reforçar as perspectivas para evolução do consumo e das vendas no varejo, principalmente quando conjugada com a manutenção do nível de emprego e melhoria da renda.

http://www.gsmd.com.br/port/abre_artigos.aspx?id=858

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